Como o envelhecimento populacional amplia a diversidade
Ao analisarmos a questão do envelhecimento, compreendemos que se trata de um fenômeno que atinge toda a população mundial. No entanto, é importante refletir sobre o fato de que cada pessoa envelhece de acordo com suas características pessoais, culturais e financeiras. Ou seja, embora o envelhecimento seja uma experiência universal, ele não se manifesta da mesma forma para todos.
Cada indivíduo envelhece como viveu — o que confere ao processo um caráter extremamente diverso. Afinal, viver é envelhecer.
Por essa mesma razão, a forma como lidamos com o envelhecimento não segue uma fórmula única. É necessário considerar aspectos sociais, coletivos e individuais.
Essa complexidade se aprofunda à medida que aumenta a diversidade nas mais distintas facetas da nossa sociedade. Um exemplo evidente é a estrutura familiar. Ao longo dos últimos séculos, a dinâmica e os modelos familiares passaram por transformações radicais. Pesquisas recentes — realizadas nos Estados Unidos — identificaram até 46 configurações distintas de família. Projeções indicam que, em 2070, a população com mais de 60 anos deverá atingir 75,3 milhões de pessoas.
A complexidade do tema também se revela ao considerarmos marcadores como gênero, idade, orientação sexual, raça, condição socioeconômica, religião e o território onde essas populações estão inseridas.
No Brasil, por exemplo, as mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens, mas recebem uma aposentadoria correspondente a apenas 26% da masculina.
Além disso, acumulam um volume significativo de atividades que extrapolaa vida profissional, como o cuidado com a família, a casa e outras demandas domésticas — muitas vezes sem qualquer remuneração.
Diante desse panorama, vislumbra-se uma grave crise previdenciária nos próximos anos. Como a maioria das pessoas que se aposentam não constituiu uma reserva financeira para essa etapa da vida — e os custos tendem a aumentar para toda a família —, o impacto nas finanças públicas pode ser antecipado como uma tragédia coletiva.
Essa perspectiva evidencia a urgência de uma cultura de planejamento financeiro ao longo da vida. Envelhecer com dignidade exige políticas públicas adequadas, mas também depende de escolhas individuais — tanto no presente quanto em relação ao futuro.
Os sistemas de saúde e previdência serão cada vez mais pressionados, e a sustentabilidade dessas estruturas passa, inevitavelmente, pela forma como nos preparamos — ou não — para o envelhecimento.
Segundo Thiago Roveri, sócio da Mais Diversidade e estudioso do tema:“Uma sociedade que valoriza e reconhece a diversidade é mais sustentável – e pode ser ainda mais lucrativa para os negócios, mais inovadora e capaz de resolver problemas mais complexos. Entretanto, para que isso se estabeleça, é necessário que a diversidade permeie os diferentes espaços de poder. É importante ressaltar, ainda, que a diversidade deve observar os diferentes marcadores sociais, inclusive o etário, para que possa dialogar, integralmente, com os desafios específicos de cada sociedade, de cada país, contexto e organização.”
Em síntese, a diversidade — quando aceita e integrada — amplia o grau de compreensão e a flexibilidade do ser humano.
Fica aqui uma provocação para que você, caro leitor, inicie reflexões e debates sobre o tema: estamos preparados para envelhecer em uma sociedade verdadeiramente diversa?